2010/12/15

Há dias assim...

Dias em que te questionas. Dias em que perguntas se o problema serás tu, desajustado no meio do aparente ajuste, a ver o que ninguém vê, sensível ao que ninguém sente...
sem ninguém que te compreenda e sem conseguires falar...
tudo uma merda... só queres que alguém te perceba... nada mais. Venha o tempo, venham resoluções, venha o novo dia, o novo ano e pouca merda para me ocupar a cabeça. Irritado, atulhado de merda.



Foi só um berro, já passou.

2010/11/22

O menino Joãozinho...

- Joãozinho o que queres ser quando fores grande?
- Pulha!
- Pulha???
- Sim! Assim nunca desiludo ninguém pois ninguém está à espera de nada de mim. Serei sempre reconhecido e dar-me-ão sempre valor. Aos outros, só lhes dão valor quando desaparecem pois só aí se sente a falta deles...

2010/09/29

Um texto de Verão

Um dia igual aos outros. Sem menos chuva, menos trovões e menos escuridão. O Inverno. Persistente. Ele já estava habituado, conformado. Olhava pela janela e pensava, deixava-se levar. O som até que era agradável, os olhos já estavam habituados, as pupilas dilatadas, o corpo já não secava e até ajudava a humedecer o coração. Chovia, ele assistia, mas o espaço fechado começava a irritá-lo. Bateu com a porta de casa! Abriu a porta da rua! A chuva escorria-lhe agora pela cara. Que se lixe ele queria andar. Já nada o incomodava.

E andou, olhava para as pessoas, umas à chuva, outras protegidas por guarda-chuvas, outras que nem se arriscavam a sair de casa. Reparou em cada um deles. Os primeiros olhavam, de tempo a tempo o céu, transmitindo um misto de esperança com tristeza… tristes porque o inverno era mais longo que o habitual, esperança quando vislumbravam um raio de sol a tentar furar a escuridão. Paravam, passavam a mão pela cara como se tentassem enxaguar o impossível, suspiravam e recomeçavam a andar. Havia que continuar, podia ser que ao virar da esquina estivesse um beiral de abrigo. Os segundos passavam, indiferentes ao resto do povo, eles estavam bem, respiravam o ar puro e a chuva não os molhava. O seu andar era relaxado, estavam protegidos. Os terceiros. Por detrás das janelas o pavor era evidente. Não tinham guarda-chuva mas também não arriscavam molhar-se. Uma indecisão. O descontentamento por estar fechado era evidente mas a chuva molha. Daí a postura nervosa e os olhos bem abertos. Era mais seguro ver o mundo passar…

Neste pensamento ele continuava caminho, ainda não sabia onde ia. Apetecia-lhe somente caminhar. De repente um carro. Uma poça. O corpo, já molhado, coberto de lama. Não teve tempo de praguejar, ou talvez nem lhe tenha apetecido. Ficou sem saber. Lembrou-se que havia um quarto grupo - os que andavam de carro… não sabiam como estava o tempo, não sentiam o frio, e muito menos a chuva. Teria ele percebido que o havia molhado? Teria sido propositado? Nunca o saberia. Desconfiava mas preferia não acreditar.

Olha que se lixe. Sacudiu as pernas libertando o máximo de lama que podia, olhou em volta, viu que não vinha mais nenhum carro e seguiu caminho. Não era este episódio que o faria desistir da sua caminhada. Avistou um jardim. Porque não? As árvores até davam algum abrigo. Viu um banco, vazio, molhado. Porque não? Até estava cansado… Sentou-se, começou a olhar à volta. Não viu ninguém. Hoje me dia as pessoas já não vão a jardins. Pensou se seria porque não tinham tempo, se porque preferiam aproveitá-lo com outras coisas ou se, simplesmente, já não os viam. Mais uma que ficava sem resposta. Suspirou e aproveitou o momento. Fechou os olhos canalizou as atenções na audição e no tacto. A chuva até que sabia bem e, o som que fazia, relaxante. De repente, algo o perturbou. Um chilrear distante. Um chilrear aflito. Abriu os olhos! Não conseguia ouvir nada. Estaria a visão a roubar-lhe espaço? Estaria a visão a abafar-lhe a audição? Decidiu fechar os olhos. Conseguia ouvir outra vez! Levantou-se e, às apalpadelas, foi caminhando no vazio em direcção ao chilrear. Estava perto, tornou a abrir os olhos. Viu uma andorinha encharcada. Tremia de frio, o peso da água e o frio era de tal ordem que a impedia de voar, de se abrigar. Tentou agarrar-lhe, ela defendeu-se, sacudiu-se e deu-lhe uma bicada na mão. Não doeu. Puxou de um lenço e tentou uma vez mais agarrá-la, sussurrou-lhe palavras, tentou acalmá-la… conquistar-lhe a confiança. Quando por fim a agarrou, reparou que trazia uma margarida presa à asa. Seria a andorinha da primavera? Colocou-a cuidadosamente no bolso, providenciando-lhe o conforto e abrigo necessários, e encaminhou-se apressadamente para casa. Abriu a porta de entrada e estranhamente o espaço não lhe pareceu tão fechado. Puxou a andorinha, limpou-a com um pano seco. Devia ter fome! Só lhe sobrava um pedaço de pão seco e bolorento. Nada mais tinha para lhe oferecer… Decidiu arriscar, desfez o pão em migalhas e estendeu timidamente a mão à andorinha. Ela olhou, mostrou algum receio e por fim deu uma bicada. Ele abriu mais a mão e a andorinha calmamente comeu cada migalha.

Incrível como o tempo havia passado rápido. Tinha que ir dormir. Preparou um abrigo para a andorinha e foi-se deitar. Acordou de manhã com um chilrear alegre, abriu os olhos calmamente e viu a andorinha a voar pelo quarto, vislumbrou um raio de sol a atravessar-lhe a persiana. Levantou-se num ápice, abriu a persiana… o sol brilhava! Queimava-lhe ligeiramente a cara. Rasgou-lhe a face e fez aparecer um sorriso. Abriu a janela! Era tão bom o calor… a andorinha voou… partiu… e voltou!

2010/09/21

2010/09/17

2010/09/15

2010/09/07

É que assim não vamos lá...

Vejo cada vez mais gente com olhos tristes por detrás de um sorriso. Não gosto.
Precisamos claramente de mais filósofos e menos políticos e empresários nesta sociedade. Precisamos de quem nos faça questionar e não de quem nos indique um caminho.

É que assim não vamos lá...

Já acabámos com a Terra agora queremos acabar com a nossa essência. São precisas mais vozes, mais gente a pensar,menos gente a mandar, menos gente a dar espectáculo.

É que assim não vamos lá...

Trabalho, dinheiro, casa, carro... E o resto?
Deixemo-nos de tretas. É urgente que comecemos a olhar para nós próprios,
que comecemos a ver aquilo que realmente nos interessa e o que nos faz feliz.
Está lá bem no fundo, é a nossa essência.

É que assim não vamos lá...

Deixemo-nos de medos. É assim tão difícil para o ser humano enfrentar-se a si próprio? Perceber-se a si próprio? Não entendo um terço dos medos de muita gente. Estão presos. Seguem "aquele" caminho. Traçam-lhe um carreiro e ali vão eles. Já não somos sociedade. Somos uma espécie de formigueiro. Todos ordenados mas sem o melhor de um formigueiro - o espírito de entreajuda e o trabalhar pelo bem comum.

É que assim não vamos lá...

(Inspiração)

2010/08/29

Três metros de texto...

(São)É agora 00:24 e vou escrever até que o sono me permita. Apetece-me escrever. Tenho muito para dizer. Não prometo um texto coerente e bem construído. Ligarei o piloto automático e deixarei as palavras fluir. É o que me apetece. Se sair um texto por demais longo e desencorajar aqueles que aqui chegarem, azar, não me interessa. Hoje apetece-me e também tenho direito aos meus momentos de egoísmo.

Acabei agora de ver um filme – the invention of lying - é giro. Uma ideia interessante. Escolhi-o pelo título pois, como quem me conhece bem, tento ler, ver ou ouvir algo que tenha a ver com o meu estado de espírito. É por ele que vou começar este texto desconexo. Si, aviso já, isto vai dar muitas voltas e nem eu as consigo prever. Há uns tempos disseram-me que os textos estavam mais maduros. Mais pensados. Mais coerentes e com ideias mais precisas acerca daquilo que eu sentia. Neste não o posso garantir, posso sim assegurar a mesma intimidade, sinceridade e identidade que marca este blog – a minha. Aparte necessário, voltemos ao filme. Achei interessante o conceito de uma sociedade que pecava pela honestidade, as pessoas eram de tal forma honestas que o mundo se tornava aborrecido. Isto dá que pensar… Entretanto surge um determinado personagem que, face a um sucedâneo de acontecimentos, aprende a mentir. Mentir numa sociedade que só conhece a verdade. Mentir numa sociedade em que nem possui um termo para tal actividade. Arma poderosa pensariam vocês. Tal não aconteceu… totalmente. Tudo bem, transformou-se num Moisés da era moderna mas manteve consciência e, a ideia que passa, é a de que tentou sempre usar a mentira para o bem. O argumento está efectivamente bem construído. Tirando a parte romântica, começa a enojar-me nos filmes… toda a gente sabe que isso morreu. Ou então, simplesmente é usada, nos filmes (e até poderia sublinhar), para que toda a gente diga – “Epah! Isso só acontece nos filmes… “. O filme deu-me muito que pensar, mas uma das coisas que gostava de partilhar convosco foi que me lembrei da minha tia. Uma tia que eu tenho, que já falei a muita gente, e que tem um fé em Deus enorme. Uma tia que sabe que não partilho das mesmas crenças, que me respeita e faz sentir que gosta de mim de uma forma extraordinária. Uma tia com quem adoro ter conversas teológicas porque não é fundamentalista. Ela simplesmente acredita na minha consciência, conhece o meu bom fundo no entanto, eu chamo-lhe consciência ela diz que é Deus. Ou seja, entendemo-nos perfeitamente e falamos a mesma língua ainda que com um vocabulário diferente. Este era um filme que eu gostava que ela visse, talvez lhe ligue amanhã. Hoje senti saudades de falar com ela. Acalma-me sempre o espírito.

Se me permitem um aparte. Só mais um. Agora fui ver o facebook. Lá estava o BR7 em grande, nas suas noites “non stop” pelo Sasha… aprendeu agora a curtir a vida e é algo que devemos respeitar. O que não posso respeitar é a hipocrisia! Passo a explicar… pois é! O nosso “amigo” resolveu colocar uma foto com o Paulo Azevedo (não é o da Sonae, é aquele rapaz deficiente que nunca desistiu e acabou por se reconhecido). Pois bem, nada de mal e, seria até de vangloriar, mas duvido muito que o “senhor” BR7 lá aparecesse se por ventura o rapaz não fosse conhecido. Servindo-me de um pouco de humor negro, apeteceu-me comentar – “Epah BR7, estás em grande… andas a tirar fotos com os deficientes todos. Primeiro o Sócrates depois o Paulo Azevedo. Estarás por ventura a fazer-te a um cargo no APPACDM? Por mim já ganhaste!”. Sim. Esta foi mesmo à Luiz Pacheco mas ando outra vez com este feitio. Desculpem este aparte, mas este é mesmo um daqueles ódios de estimação… e dói-me a alma só de pensar que este é o futuro daquela terra que todos conhecemos…

Assim como quem não quer a coisa, salto outra vez de assunto. Desta vez para contar uma estória. Uma estória que podia ser a tua ou, até mesmo, a minha.
Pois bem, conheci um gajo que estava num trabalho que não realizava totalmente(nade de novo). No entanto, conhecendo esse gajo como o conheço, ele se calhar também é demasiado exigente, com ele e com tudo. Mas pronto, cada qual é como é. Mas continuando, ele lá estava nesse trabalho, reclamando (como é hábito) dele mas já estava acomodado. Estava decidido que por uns tempos era aquilo que queria fazer pois não lhe trazia chatices. Sabia ao que ia na altura e, por isso, aceitou-o. Nunca teve problemas em lidar com as decisões que tomou e todas foram sempre ponderadas apesar de, aparentemente, impulsivas.

(a continuar... fiquei sem paciência)

(continuando)

Entretanto, o suposto destino bate-lhe à porta. Contactam-no e oferecem-lhe aquele tipo de trabalho que ele sempre sonhou. Supostamente desafiante e internacional (com a particularidade de os fins de semana serem passados em Portugal). Algo o fazia hesitar. Ele não conseguia perceber o quê mas decidiu calar essa voz e confiar no destino. Era a hipótese de uma vida. Ele sempre gostou de arriscar e enfiou-se. Chegou lá e nada tinha a ver. Nada do que lhe foi vendido correspondia à realidade e para complicar viu todo o resto do mundo desmoronar-se à sua frente. Ele estava no topo da falésia que ruiu. Sem dó nem piedade viu-se num plano abaixo do nível zero. Já evitava ir almoçar com os colegas do mesmo nível hierárquico para fugir à onda negativa. Todos se queixavam, todos lamentavam todos com o semblante carregado. Era tudo o que ele menos precisava. O tempo passou, ele fincou os pés em terra e decidiu agir. Foi falar com os superiores, aqueles que o entrevistaram e lhe prometeram o mundo e explicou-lhes a sua desmotivação e desilusão. Eles compreenderam, disseram que na altura também eles não sabiam bem o que era o projecto, pediram-lhe paciência, disseram que ficava o registo e que iam tentar mudar ou colocá-lo noutro projecto. Perceberam finalmente que não era ele o único a ter esse sentimento e resolveram falar com os restantes. Isto aconteceu à sensivelmente à um mês e meio. As coisas continuaram iguais e a desmotivação crescia a olhos vistos, a ansiedade pesava e a desilusão tomava conta dele. Tinha de agir pois foi como se tudo tivesse sido enfiado num saco. Não perceberam que com ele as coisas não funcionam a pancadinhas nas costas. Entretanto recebe um telefonema do seu antigo gestor de projecto, ele sabia que ele andava insatisfeito e faz-lhe uma proposta. A proposta era mais vantajosa unicamente a um nível. Ele antigamente estava a três níveis: Trabalhava para a empresa “A”. E a cadeia era A-> B -> C. A proposta que lhe faziam era para ir directamente para a empresa B. A empresa B poupava o que pagava à empresa A e o gestor de projecto (que pertencia à empresa B) ganhava um empregado que já conhecia o negócio e que já tinha dado provas. Decidiu aceitar pois havia perdido a vontade de arriscar num possível projecto que o realizasse mais e ao fim ao cabo, para esta já sabia ao que ia.

(logo termino isto, agora vou para a praia)

(continuando)


Foi então dizer que ia sair e que ia aceitar essa tal proposta. Tentaram demovê-lo. Disseram-lhe coisa como:
- Epah podias ter dito.
- Então mas eu falei convosco à mês e meio, expliquei-vos a minha desmotivação…
- Epah mas não disseste que ias sair…

- Então mas podemos colocar-te noutra área e agendaram uma reunião com o boss ainda maior… (há certas empresas que têm mais gente a mandar do que a trabalhar…)

- Epah e isso de dizeres que já deste a tua palavra ao outro lado… sabes que podes sempre voltar com ela atrás. Eles compreendem. ´

- Tu tens muito valor para nós e gostávamos muito que cá continuasses.

SIM! ESTA É MESMO A MINHA ESTÓRIA!

Bem, lá fui pensar mais um bocado(sendo que a do faltar com a minha palavra me estava a deixar bastante mal…), lá fui à reunião com o outro big boss e muito sinceramente até vou omitir esta reunião. Mas comparo-a a uma reunião de venda da bimby ou um daqueles aspiradores a vapor… Nem à pinta de um vendedor de automóveis conseguiu chegar…
Acabei por decidir e dizer-lhe que ia entregar a carta demissão, que não consegui mais do que quatro semanas pois no outro lado também precisavam de mim. Legalmente, visto ainda estar no período experimental, só tinha que dar duas semanas. Os gestores de projecto disseram que tinham pena mas que se a decisão já estava tomada, então nada havia a fazer. Prontifiquei-me também a ir lá fins de semana caso fosse necessária alguma passagem de conhecimento…
Ora tudo muito bem neste dia, quarta feira passada. Estava mesmo bem disposto por finalmente largar algo que me estava a fazer muito mal e por ter saído a bem, de consciência limpa pois ainda lhe dava mais tempo do que necessário. Uma vez mais abdicava de férias mas tudo bem, o dever profissional falou mais alto…

Ora nessa mesma noite, algo me perturbou. Algo fora do âmbito profissional mas que não me apetece referir agora. O que vos posso dizer foi que foi algo que me fragilizou e muito. Fantasmas…. Nada mais me apetece dizer… e acho que me faço entender a quem de direito!

Mas pronto… acordei pesado. Falamos de quinta-feira. Ora logo pela manhã, o manager, outrora simpático e muito compreensivo resolveu chamar-me para falar. Começou a desbaratar, a dizer que eu tinha mais era que ficar até ao fim do mês. Se eu sabia que tinah que dar um mês à casa… ao que respondi que estava enganado pois até estava a dar mais tempo do que o de lei… e segue-se o resto do discurso:
- Não interessa tu tinhas mais é que ficar até ao fim do mês.
- Mas eu tentei esticar ao máximo. Do outro lado já me queriam para o inicio deste mês e dia 20 foi o máximo que consegui negociar. Posso dizer-te até que abdiquei da ideia de tirar uns dias de férias para mim e tudo. Mais do que isto corria o risco de perder a oportunidade do outro lado…
- Oportunidade? Eu nem chamo a isso oportunidade. É uma merda. Já te disse que é a maior asneira que vais fazer na tua vida. Mas muito sinceramente hoje não estou com paciência para conversas por isso vá…
(e saímos)
Após esta conversa. Este manager foi falar individualmente com todos os outros meus colegas, que já estavam também já enviar currículos e começou a fazer-lhes festinhas e promessas. Não me apeteceu sequer saber mais…

Tudo normal não fosse este manager levar as coisas para o campo pessoal e agora resolver atacar-me…
Nesse mesmo dia à tarde, o gestor de projecto começa a elogiar-me:
- epah boas novas. O João conseguiu despachar isto antes do tempo e conseguimos recuperar inclusive o tempo perdido pelos turcos. Isto vai a bom gás…
Resposta do manager - sim senhora, agora que esse gajo se vai embora é que começa a produzir… - outrora era um valor fundamental para segurar a todo o custo…

Segundo ataque:
- sabes, até estou a pensar em organizar-lhe uma festa de despedida e tudo… ia ele e o Gervásio (oculto o nome por razões óbvias) lá para o outro bar. – para vos situar… este tal de Gervásio é um gestor de projecto que tem uns tiques abichanados e com quem toda a gente passa a vida a gozar (quando ele não está presente, é óbvio).

Entretanto, a ferver, levantei-me para fumar um cigarro e cruzei-me com este “senhor” e fiz questão de mostrar que nºao estava contente, cortando de imediato uma conversa que ele estava a tentar iniciar (suspeito até onde ira parar…).

Chega-se a sexta. Coisas mais ou menos digeridas e decidido a ignorá-lo. Eis que ele chega pela hora do almoço:
- Então? Alguém quer vir almoçar lá abaixo? João queres vir lá? Big John? – recusei e fiquei a pensar que talvez ele se tivesse apercebido do que fez…

Chega-se a tarde:
- Então o Ambrósio(uma vez mais oculto o nome) já preparaste o caldeirão de alcatrão e as penas? – já imaginava o que lá vinha e resolvi ignorar – Estás a ouvir João? Sabes que é isso que fazemos aos batoteiros… mas pensando melhor… acho que o teu novo trabalho já vai ser castigo suficiente… podemos dispensar-te disso… - uma vez mais, não comentei…

Confesso que já não me incomodou tanto… pois desta vez já estava preparado.

Guardei então este fim de semana para mim e evitei uma outra situação que poderia destabilizar-me por completo. Pensei. Aconselhei-me com alguns amigos. Uns dizem para ignorar, outros dizem para lhe responder sempre mantendo a educação e a postura.

Acho que lhe vou responder. Vou ser directo e sem meias palavras. Já percebi que este “senhor” nunca tinha apanhado ninguém que lhe fizesse frente e foi isso que o feriu. Um frustrado que gosta de apagar as suas frustrações no trabalho. Já agora foi este mesmo senhor que me disse para não dar tanto valor à minha palavra… que as pessoas compreendiam. Quem me pede algo assim, é porque também não dá valor à sua. Hoje tenho a certeza que sair dali foi a melhor decisão. Ir para ali foi um dos piores erros da minha vida que parece que nesse preciso momento entrou em colapso. Um efeito tipo “buterfly effect” em que tudo se desmoronou. Felizmente não fiquei parado.

Moral da estória:
Esquece a ética, esquece o pensar nos outros primeiro que em ti. Estás numa sociedade sem valores.


Agora venha a estabilidade.

Espiral Medula

Perfumes que perduram
Lembranças que queres esquecer
Alma que queres acalmar
Suspiras
Questionas
Suspiras
Esforças-te por entender
Recusas-te a morrer
Preferes renascer
Lutas
Questionas
Lutas
Passeias, viajas
Mas não sais do mesmo sitio
O corpo não se liga à mente
Sonhas
Questionas
Sonhas
mentir à mente
A mente não deixa
Até contigo és demasiado honesto
Olhas para o tempo
Questionas
Olhas para o tempo
Entretanto…
Começas a escapar-te…
e batem-te à porta
Questionas…
Os nervos assolam-te,
Os perfumes perduram.

2010/08/20

Depois da tempestade

Força pah! Decide-te! Deita fora a ética pois sabes que vais encontrar a estabilidade. este não foi o vento que o soprou, foste tu que o procuraste. Não te realiza totalmente mas já sabes ao que vais e terás tempo para o teu projecto. Esse sim deixar-te-á realizado. À semelhança do Miguel Veloso, também eu gosto de falar na terceira pessoa.

2010/08/19

Um comentário... já ninguém lê isto por isso posso dizer a porra que me apetecer

Quero começar aproveitar o oxigénio que respiro e não fazer disso um acto reflexo.

2010/08/17

No facebook não posso "postar", por isso vem para aqui...

“O Diogo fica triste quando o tio tem que ir trabalhar para Lisboa…”

Foi como uma faca cravada num peito já escancarado. Mas o tio colocou uma vez mais a mascara, escondeu o que sentia, foi tomar um café e partiu. Não quis olhar para trás, partiu sem habituais adeus. Fez mais uma viagem calado. Pouco há a dizer. Pobre de quem viaja com ele, pobre de quem se dá hoje com ele.

Sabes Diogo, na verdade, o tio é um inadaptado. Alguém que anda perdido. Alguém que por conhecer muito boa gente, simplesmente não se consegue dar com quem nada tem.
Alguém que nasceu numa era errada. Alguém que dá valor ao que a sociedade hoje descarta. Alguém que começa a perder a paciência de se olhar ao espelho. Alguém com o corpo cravejado de farpas que insistem em não sair. Alguém que se vai arrastando e que cada vez mais tem dificuldade em rir-se do que para ele não tem piada. Alguém que gosta de ser discreto numa sociedade em que ganham os que se pavoneiam. Um ser complexo, que pouca gente conhece verdadeiramente. Alguém sem medos. Alguém apressado. Alguém demasiado sincero, demasiado honesto, demasiado sentimental. Alguém que só quer ter uma “simple life”… mas que passa a vida a complicá-la e, normalmente, sem saber bem como. Estás perante o mais impulsivo dos impulsivos e o mais sonhador dos sonhadores, ainda que, não consiga desligar-se da realidade.

Hoje o teu tio acabou de ver mais uma temporada de uma série que sem dúvida o marcou nesta fase – How I met your mother. Talvez porque está nos trinta e talvez porque quando olha para o Ted se revê totalmente nele. Nos episódios que viu na semana passada achou-se ridículo como o Ted, hoje acha que se calhar o Ted até sabe como viver… e, no fim, já se sabe que o final vai ser feliz...

Um dia que leias este texto vais pensar que o teu tio era um tipo negro e demasiado pessimista. Pois digo-te que o teu tio é precisamente o contrário, é uma pessoa alegre e extremamente optimista. As coisas não lhe têm corrido nada bem, mas o teu tio nunca desiste. O teu tio nunca deixa de acreditar. Algures por aí está o trabalho que o realiza e a mulher que o fará sorrir (se calhar até está tudo perto, mas o teu tio, apressado, não consegue ver).

Amigos? Posso dizer-te, o teu tio já tem os melhores! E de quando em quando aparece mais uma ou outra pessoa. É bom conservar os amigos, é bom fazer tudo por eles, é mau quando por algum motivo os desiludes… Família? Por algum motivo este texto é para ti! Simbolizas a família e, acredita, não poderias ter nascido em família melhor.

O tio teve que vir para Lisboa… o tio teve que vir trabalhar… o tio anda a pensar sobre a vida, a vivê-la intensamente, para que um dia te saiba aconselhar. É que sabes? Esta Porra não é nada fácil! Anda por aí muita gente perigosa, gente fútil, gente sem valores e o tio nunca te vai deixar sozinho.

O teu tio nunca deixou quem lhe tocou sozinho, o teu avô também não e tenho a certeza que tu também não deixarás.

2010/08/11

Ainda em conversa...

No outro dia um amigo meu, vindo de um funeral de um tio, comentava cabisbaixo:
- Eram onze e já só restam 3... e no final do funeral olha... fomos beber umas minis.
Do incómodo que uma situação daquelas acaba sempre por causar respondo-lhe:
- É a vida pah... há que dar a volta por cima.
Mais diálogo, menos diálogo acabei a falar do meu pai.
- O meu pai morreu com 60 anos...
- Epah o teu pai morreu novo... já viste... a pensar nisso estaríamos precisamente a meio da nossa vida...
- É mesmo...
A partir daí a conversa passou pelo ter atitude e pelo passar a viver a vida. E cada vez mais acho que estou no bom caminho para tal. Recuso-me a fazer aquilo que não gosto só porque sim. Recuso-me a desistir do que quer que seja (desde que possa lutar por tal). Não me vou prender em futilidade monetárias ou materiais. Vou viver a vida, fazer o que mais gosto com quem gosto e com quem também goste de estar comigo. Pensar no dia de amanhã é o maior dos erros pois hoje há muito para fazer. Muito para gozar. Muito ao qual me entregar. Continuarei a entregar-me aquilo em que acredito ou então não estarei a viver. De que vale trabalhar se não me der prazer? De que vale ter dinheiro se não o usar para o prazer? De que vale amar sem me entregar? De que vale beber se não for para me divertir? De que vale dormir se não for para sonhar? De que vale acordar se não for para prolongar o sonho...

Vou deixar de pensar tanto no que quero para o amanhã, quero começar a viver com o que me faz bem hoje:)

2010/08/08

Porque neste fim de semana a saudade me bateu à porta, fui visitar a maior delas todas, o meu pai...

Foi ele quem me ensinou a lutar e nunca desistir. Que me ensinou a enfrentar os medos em vez de fugir deles ou fingir que estes não existem. Ele foi a pessoa mais forte que já conheci. Uma força enorme que fazia com que os que o rodeavam se sentissem fortes e protegidos também....

Ele sabia sempre o que fazer e tinha sempre o melhor dos conselhos...

2010/08/02

Julho de 2010

Uma data a recordar. Porque tudo me aconteceu neste mês. Porque levei porrada de todos os lados e a todos os níveis. Laboral, sentimental, financeiro, consciência… tudo!

No fundo sou eu o culpado. Gosto de brincar e dizer que este foi um mês azarado. Brinco quando digo que me lançaram um mau olhado. Brinco quando digo que fui alvo de uma macumba.

O culpado sou eu.

Sou culpado porque me deslumbrei com o destino. Estava quieto no meu canto, aparecem-me com aquilo que eu sempre considerei o trabalho ideal e o meu primeiro pensamento é – “Só pode ser o destino, vou ter que aceitar. Caso contrário deitarei fora a hipótese da minha vida.”. Porque razão não pensei eu – “Quando a esmola é grande….”. Fácil e com uma só denominação – Patinho ou, num termo mais familiar, tenrinho.

Sou culpado porque me deixei levar. Decidi entregar-me sem medir os riscos do cair. Assim se reaprende que no reino do amor, o que hoje é verdade, rapidamente passa a mentira.

Sou culpado porque ignorei riscos, não medi consequências e deixei-me levar pela boa sensação que aquele festival (FMM) me proporcionava.

Agora venha Agosto, como alguém me disse, só pode ser melhor. Tiraram-se lições, continua-se com a mesma frontalidade e, pelo menos um dos erros, pode ser resolvido. O laboral! Não desisto e sairei mais forte e melhor direccionado. Talvez cada vez mais seco, mais altivo(como alguém disse), mais frio e duro mas, são circunstâncias da vida, e as defesas vão-se aprimorando. Quem me conhece sabe o que sou. Quem me quiser conhecer terá que se esforçar.

Sei é que não vou desistir daquilo que quero para a minha vida, até porque sei que não é assim tanto.

Lembrei-me de um quarto erro, voltar a fumar. Foi um erro necessário e que rapidamente será resolvido. A estabilidade voltará a reinar porque me recuso a baixar os braços.

Está marcada a efeméride. Viva Julho 2010 um mês mau! Mas também já tive piores…

2010/07/16

One day, not so far away...

Life is simple...



we just love to make it harder...



Who should smile?


Eu sei que estou a exagerar... e é no equilíbrio entre estes dois mundos que está a virtude. Mas não vou estrangular-me com a gravata até aos 70 anos para depois começar a viver(isto se até lá não aumentarem a idade da reforma para os 80) ;)

Não inventem desculpas que me levem para o stress porque eu não gosto.

Tragam-me a paz interior, o tempo, o aconchego, o abraço, as boas e a eterna companhia.



Há que ter o feeling, saber quando se chega a este cruzamento e saber escolher :)

Quem manda em mim sou eu!

2010/07/14

Este momento merece a devida homenagem ;)

Óhh faxavor! Dê-me aí dez euros de felicidade e 5 de realização pessoal que a vida está difícil

- Diz? Não te ouço! Berra! Berra com toda a tua força. Berrar faz bem, acalma a mente e cansa o corpo. Fala! Diz o que te apoquenta. Mostra-te! Impõe-te e mostra que não és mais um acomodado.

- Reclamo do que não aceito! Luto por aquilo que acredito! Deixo e largo o que quer fugir! Não espezinho! Não massacro! Não como e não alinho em actos de canibalismo! Não entro em esquemas! Não sigo o carreiro! Há muito larguei as palas que só me deixavam ver para um lado! Estou atento… sempre! Observo! Escuto! Olho! E paro… para quem merece que pare. Caramba… isto está cheio de cegos e de gente que não quer ver…

- Se calhar vêem mais do que tu… vêem só aquilo que lhe permite sobreviver. Vêem apenas o suficiente para não terem que se questionar...

- Se calhar… e por isso sobrevivem enquanto eu me estrafego. Merda para os canibais… comem tudo… comem-se uns aos outros… comem-me a mim.

- Pois é meu caro! É a selecção natural…

- E no final? Serão felizes os que sobrarem? Sentir-se-ão realizados?

- Não sei. Acho que não.... Mas isso hoje em dia vale alguma coisa?

2010/07/12

Uma Porra...

Não sei se resignado, acomodado, cansado, farto ou perdido. Momentos cíclicos, pensamentos redundantes. Impotência misturada com uma enorme vontade de agir. Venha o encosto, o travesseiro e a escrita. Venha a vontade de mudar, a vontade de lutar. Desta vez não vou esperar pelo vento, vou puxar dos remos… venha a força. Venha o fogo. O calor. A neura. Eu vou tentar não me irritar…

Hoje não dá! Estou fraco! Cansado! Desorientado… e pergunto-me, serei assim tão exigente?

2010/06/08

Não o mato, adormeço-o...

Este texto só vem confirmar aquilo que há muito estava anunciado. O fim deste blog. Não é com agrado ou satisfação que o fecho. Fecho-o simplesmente porque tem que ser.

Tudo tem um ciclo e o meu para com este blog está terminado. Só eu sei o quão ele foi importante para mim. Reconstruiu-me e foi muita vez a voz que chegava aos meus amigos. Foi pessoal e bastante introspectivo mas, era assim que tinha que ser.

De momento sinto a mente limpa . O corpo pede-me outras guerras. Preciso de aliviar a força que se começa a avolumar. Preciso opinar! Preciso de outras guerras. De uma outra identidade que não a deste blog.


Assim começava o texto que ditaria o fim deste blog. Mas já não o vou matar. Quero continuar a escrever nele. Não sei com que frequência. Não sei com que vontade. Só sei que será aquele pedaço anónimo de mim que viajará pela Web. Um blog sem filtros ou mascaras.

Todo o ser é louco e talvez a minha loucura seja a de considerar este blog uma companhia. Sei quem o lê(lia) e por isso acaba por ser um canal. Aquele sítio onde posso berrar, ser simpático, sensível(como diria alguém...), bruto ou parvo sem que eu esteja a pensar sobre o que os outros irão pensar.

Vocês, se é que ainda visitam este blog, acabarão por se esquecer dele. Eu próprio me esquecerei dele. Terei para com ele uma relação egoísta. Ele está cá para quando eu precisar. Não é obrigação, nem para mim nem para quem o seguia. Será uma visita esporádica. Uma daquelas lembranças, de quem está a olhar para o Google e se pergunta o que há-de visitar. Será somente isso. Uma lembrança. Um escape de desassossego para quando este me bater à porta. Uma voz do meu ser e do meu sentir. Uma companhia. Uma fuga. Um desabafo.

Quero, no entanto, destacar a existência de outro blog. Um blog que será do conhecimento público e onde “cagarei” (um termo muito bem empregue) postas bem cozidas (temperadas e arranjadas). Um blog com um eu mais polido e trabalhado. Um eu disfarçado, mascarado, filtrado e, no entanto, um eu assumido e assinado. Em suma, um eu mais falso mas com a mesma vontade de reclamar. A ver vamos para onde é que aquilo vai parar! Até eu estou curioso.

Fico desta forma com dois canais. Um para quando me apetecer berrar com o mundo, outro para quando me apetecer ser mais intimista.

2010/03/10

Como diria o Godinho... "Que força é essa?"

Este não é, de certeza, um blog para fracos.

2010/03/08

Mais um ano a marcar a efeméride

O ano passado, por esta data, escrevia um post dedicado às mulheres. Queixava-me que não as compreendia e questionava-me se ainda existiria espaço para o romantismo.

Um ano depois confesso que ainda continuam a ser um mistério, mas hoje sinto que o romantismo ainda tem os seus dias de vida.

Como diria Oscar Wilde – "As mulheres foram feitas para serem amadas e não para serem compreendidas".É certo que são palavras de um gajo um tanto ou quanto “abichanado”(segundo consta) mas, como isto é um blog liberal, todas as opiniões são tidas em conta. Aliás, se calhar até foi esse seu lado mais feminino que o fez tirar esta conclusão.

Não quis deixar a data em branco mas desta vez, a minha visão em relação à mulher salta do “I Started a joke” de Faith no More para “Primeiro gomo da tangerina” do nosso Sérgio Godinho.

Um feliz ano para todas as leitoras do blog :)

2010/03/04

A salvação da alma vem acompanhada de um pires de tremoços...

Hoje estou no modo correcto para este blog, isto é, com aquela apetência natural para reclamar. Aliás, acaba por nem ser reclamar, divagar talvez seja o termo correcto.

Apetece-me divagar pelo meu ser actual e pelas minhas convicções. Dando, como sempre, as habituais abertas para que cada um se possa identificar. Um exercício de interiorização perante um estimulo externo.
Não sei para onde possa levar este texto. Não sei mesmo. Vou deixá-lo fluir. Nem tudo está perdido. Relaxem. Sei por onde começar.
Começo pela fase que tenho atravessado, uma fase calma em que tenho feito os possíveis para me manter na clandestinidade do meu ser, isto é, tenho andado por aqueles recantos obscuros de mim mesmo que queria conhecer e dominar. Tenho experimentado a tolerância e a calma de deixar que alguém assuma e decida por mim.

Tenho feito os possíveis por estar no meu canto e tentar passar despercebido. Tenho sido um tolo atento. Um tanto ou quanto despersonalizado (nunca em demasia porque nunca fui tão bom actor). Nunca para aqueles que gosto pois com esses não consigo usar capas. Tenho experimentado colocar-me noutras vidas, imaginar como os outros pensam e sentem. Perceber se certas convicções e valores que possuo são bem fundados ou se, por outro lado, são simples devaneios de um engenheiro que quer ver mais do que matemática e números. Tenho pensado sobre o que sou e quero ser.
Há 5 meses achava que queria ir para África, Ásia ou América do Sul(tinha que ser uma cultura de tal forma diferente que me provocasse um choque). Queria dar o corpo pelo trabalho, alimentar-me deste para não ver mais nada. Ganhar dinheiro e, quem sabe, não me tornar um ser execrável com muito dinheiro, solitário, frustrado e indiferente face a tudo o que me rodeasse. Há quem diga que o dinheiro não compra tudo.Será? O dinheiro até "amigos" compra (atente-se nas aspas).

Estou curioso... seria(será?) possível que eu algum dia me tornasse nesta pessoa? Se todos partimos mais ou menos do mesmo ponto. Se o meio é, em grande parte, responsável pela formação do nosso ser. Se estamos sempre em constante evolução (mal das "crianças" que estagnam) poderia eu, experimentando outros estímulos, repensar e mudar os meus "valores"? Bem... nunca digas nunca... mas espero bem que não. Senão porque razão estaria eu a pensar hoje sobre isto?

Mas andei lá perto. Andei baralhado. Estava um gajo sem alma... em que, a pouca que eu tentava prender, me era roubada pelo trabalho da altura. Questionei as minhas prioridades e os valores que defendia. Perguntei-me se termos como honra, honestidade, sinceridade ou consciência(entre outros) não seriam invenções de um gajo qualquer que, pregando-os, aproveitava para enganar, comer e roubar aqueles que o ouviam. Eu já não digo nada... é que, efectivamente, hoje em dia existe gente a fazê-lo...

Agora lanço, provavelmente, a frase da polémica. A minha alma foi salva pela cerveja. Desde já aproveito para dizer que a Super Bock é a verdadeira. O resto são genéricos feitos por laboratórios duvidosos.

É verdade meu povo(é sempre bom usar a palavra povo quando se tenta converter alguém a uma determinada seita)! Aquelas noites de finos, desculpas para boas tertúlias, que fui bebendo na companhia inteligente e bem fundada de valores de um grande amigo, salvou-me a alma. Para ambos eram fugas ao trabalho e, para mim, tinham um pendor extra de me reencaminhar o pensamento. Sei lá... também podíamos ser dois enganados armados ao iluminado.

Voltando ao dia de hoje, posso dizer agora, que sei novamente aquilo que sou e que é isto que quero ser no futuro. Sou alguém que conserva as boas memórias do passado e que transforma os erros cometidos em lições e alertas para o futuro. Alguém que cada vez mais vive o presente mantendo um equilíbrio saudável entre o apetecido(impulso) e o que tem que ser devidamente medido(ponderação/reflexão). Este equilíbrio é a chave. Há alturas em que é preciso largar a ponderação e aproveitar o impulso. Há alturas em que o impulso por si só nos condena à destruição. Se por um lado não vale a pena pensar muito nas coisas pois o futuro pode acabar ao virar da esquina, outras há em que ao virar da esquina podemos encontrar um espelho do passado.

Como encontro eu este equilíbrio? Tenho uma teoria baseada na pouca experiência que ainda tenho. E recorro a esta, aos conselhos daqueles em quem confio(sendo importante a sinceridade com que exponho as coisas mesmo que isso signifique a minha própria exposição) e, numa grande dose, observando os erros ou comportamentos dos outros. Não para criticar mas para reflectir sobre estes, compreender as suas motivações e razões pois nunca se sabe quando o mesmo mal nos pode bater à porta.

Este também foi um ponto onde mudei. Antigamente caso achasse que alguém estava num caminho errado, alertava-a. Hoje, apercebi-me que as pessoas são por demais teimosas e que são raras aquelas que são tolerantes a um "aviso" ou ao facto de serem confrontadas com outro caminho. Há pessoas que simplesmente acham que o rumo que traçaram é o ideal e se recusam a ver para além desse. Pessoas que vivem no mudo das certezas e recusam a possibilidade. Medo? Teimosia? Preguiça? Resistência á mudança? Orgulho? Sei lá... Se calhar um pontinha de tudo.

Eu, falando por mim, quero é que me mostrem vários caminhos. Que me confrontem com eles. Que mos esfreguem na cara caso eu me recuse a vê-los. Eu próprio confronto-me com eles diariamente, por vezes basta um filme, um livro ou até mesmo uma situação qualquer, de alguém totalmente desconhecido, que observe na rua.

Uma coisa eu sinto neste momento, não vou estar unicamente preso a um futuro idílico(nem que tenha sido aquele que eu sempre imaginei para mim). Não me vou precipitar para ele a todo o custo. Viver para esse futuro é queimar o presente. Há que reagir aos estímulos do dia a dia (nunca descurando de uma reflexão sobre estes) e tomar decisões para o presente. Medir o que temos e o que podemos perder. Saber efectivamente o que queremos. Não ceder imediatamente a apetites momentâneos mas também não ficar preso a "imposições"(pessoais, sociais, profisionais, religiosas...) futuras. Há que saber ouvir. Há que saber ler. Há que saber sentir.

Um abraço a todos aqueles com quem tenho o privilégio de poder partilhar a vida.

2010/01/07

De volta à escrita...

Quem aqui escreve hoje é uma pessoa diferente daquele ser que alimentou este blog durante o ano passado.

Foi um percurso tão negro quanto necessário e este blog cumpriu com a sua função. Tirou-me o medo de me mostrar a quem de direito, fez-me pensar sobre mim e o que me rodeia. Deu-me a possibilidade de dizer toda a porcaria que me apetecia sem o medo de ser julgado. Depois de "postado" nada era retirado.

Tal como referi em posts anteriores, Aveiro acabou por ser uma ponte, não física(pois acabo por regressar a Lisboa) mas mental e espiritual. Agradeço a Amigos que lá deixo e que nunca esquecerei ou abandonarei. Eles foram mais importantes do que imaginam. A caldeira responsável pelo movimento,acção e reacção.

Não posso também descurar os Amigos do Fundão ou de Coimbra e de tantos outros locais que, mesmo à distância, estiveram sempre perto. Sempre prontos a dar o apoio e a estalada necessária.

A família sempre presente e tolerante às minhas imensas mudanças. No fundo, acho que confiam nas minhas escolhas e que acabam por compreender que há males necessários :)

Existe ainda alguém que neste momento é responsável por toda esta força, alguém que me fez voltar a olhar em volta e ver tudo o que me rodeia com olhos de ver... com bons olhos! A fonte da minha força, da minha vontade de lutar e aparecer. Ela, com um único gomo de uma tangerina, devolveu-me sumo à vida.:)

Falando de destinos físicos e, cumprindo a promessa de que em Janeiro diria para onde iria, indico que a minha escolha é Lisboa. Das ofertas que tinha, escolhi a que me oferecia mais estabilidade(algo também não muito normal em mim) e um horário tipo função pública. O meu único receio é que tal não seja estimulante e desafiante e que o aborrecimento tome conta dele mas, jogando por antecipação, para o combater tenciono colocar-me desafios extra trabalho, projectos que desde algum tempo idealizo e que, se tudo correr como planeado, terei finalmente tempo para os por em prática.

De facto, hoje emano confiança, boa disposição, força e atitude. Estou de volta. Sinto outra vez aquela vontade de "mudar o mundo", mas agora não me ficarei pelas ideias, está na hora de agir e sei quem tem a mesma ou ainda mais força que eu.

Parece que sim! Estou mesmo muito bem disposto! Uma boa disposição sobre a qual, vocês que sabem que são importantes para mim, têm toda a responsabilidade.

Se vou continuar a reclamar? Sim. Este blog vai continuar...confesso que estive quase para o matar e até tenho o texto de despedida. Que se lixe! Vamos dar-lhe um ar fresco, o ar que pretendo respirar em 2010!
Ainda não sei o rumo que ele irá tomar, sendo ele um blog intimista, está sempre à mercê dos caprichos do administrador mas, depois de me terem visto pescar "douradinhos", tudo parecerá normal!

Esta é a música que me ocorre para este post, para todo o percurso deste blog, para o meu estado de espírito e especialmente para o vosso estado de espírito pois sei que alguns, infelizmente, não partilham do meu...



e hoje já é um novo dia :)