2008/11/21

Wall-e



Esta vai ser uma “posta de pescada” diferente.

Vi ontem um filme extraordinário e que me surpreendeu pela simplicidade e ao mesmo tempo pela inteligência de quem escreveu o argumento. O filme está carregado de mensagens subliminares. Estou a falar do filme “Wall-e”. Pois… agora é que ficou tudo abismado – “Este gajo vem para aqui falar de um filme para putos… e a dizer que é um filme inteligente….”. Em primeiro lugar acho que essa é a beleza do filme, consegue ser visto por crianças que, com toda a certeza não entenderão metade das mensagens e, ao mesmo tempo, transmite lições e alertas aos mais graúdos. Um dos paradigmas mais evidentes no filme é a personificação dos robots e a automação das pessoas. Enquanto os robots são dotados de uma inteligência emocional, com um olhar atento ao mundo que os rodeia e com clara noção de sentimentalidade, as pessoas comportam-se como autómatos, completamente alheias ao mundo e às sensações que este possa transmitir. Todos se vestem de igual, todos se regem pelas mesmas regras sem questionar, possuem um total desconhecimento do que são sentimentos… totalmente desprovidos de espírito crítico e capacidade de sociabilização física. Digo física porque considero que, já actualmente, existe outro tipo de sociabilização, a electrónica - hi5, msn,… – e que infelizmente, a meu ver, está a ganhar pontos em relação à anterior. Também uma boa lição a retirar do filme.
Outro aspecto importante é o facto de o “herói” do filme ser totalmente atípico, um “robozito” pequenino e ingénuo, com um coração enorme (sim ele tem), com uma tarefa no mundo que todos considerariam menor (o equivalente ao varredor do lixo) mas que movido pelos sentimentos acaba por salvar o mundo.
Este filme transmite ainda, de uma forma extraordinária, a consciência ecológica e a noção de que o valor das coisas está muito para além do valor monetário.

Não vou continuar com receio de me alongar e revelar demasiados pormenores do filme. Esta é uma obra-prima da Pixar. Mesmo a nível técnico o filme foi muito bem executado. As expressões do robot são extraordinárias. Vejam e transmitam a vossa opinião.

2008/11/20

Ano novo… vida nova

Parece que sim… parece que desta vez a expressão faz mesmo sentido. Esta passagem de ano terá para mim um significado especial. Começarei uma vida nova a todos os níveis - sentimental, profissional e, mais que tudo, mental. Estes últimos meses foram frutíferos para mim em termos de novas experiências, novas sensações… novas reflexões. Empreguei bem o tempo despendido com a solidão… empreguei-o numa auto-análise. Algo que considero que faz falta a muita gente… se as pessoas perdessem dez minutos diários a pensar sobre o que na realidade querem, o que as afecta, o que as entristece, o que as leva a cometer erros (quais e se é possível corrigi-los)[… ]. Poderia continuar mas não quero, a lista é grande… Cada um que faça a sua análise, cada um que dedique uma parte do seu tempo. Porque não o tempo do telejornal? Hoje em dia só se fala da crise. A crise económica dizem eles, eu considero-a uma crise de valores. Se a ganância não fosse tão grande… melhor, esta foi de tal forma gigantesca, que acabou por comê-los a eles próprios. Se calhar, arrisco dizer, também não pararam para pensar, estavam demasiado ocupados em ganhar, em subir… subir para onde? Já começo a divagar e por isso deixarei este assunto para outras lutas e retorno ao tema.

Sinto-me como se tivesse reencarnado, renascido. Sofri, reflecti, reagi e desacomodei-me. Começo a proporcionar as primeiras contracções… o tempo entre estas vai diminuindo…. O parto está para breve! Pelo que passei, pelo que observei e pelo que reflecti posso garantir que não receio o mundo cá fora, a experiência trouxe-me isso. Perdi a inocência, ganhei a consciência.

Como diria um amigo meu – “É tudo tempo…”. Ao que acrescento - “é preciso é saber usá-lo e analisar o que fazer com ele”.

2008/11/16

A Vida é uma Poda

Uma árvore, ramificada, ao ser podada, ao ser desprovida de alguns dos seus ramos fortalece-se. Esta passa a focalizar a sua seiva no seu caule (a sua base) e em determinados ramos, tornando-os mais fortes, mais resistentes. Uma árvore quando devidamente podada, quando bem escolhidos os ramos, tem maior probabilidade de aguentar e sobreviver a qualquer intempérie. Isto porque o seu caule e ramos são mais resistentes. Isto porque se uma árvore for demasiado ramificada têm um caule mais fraco e uma área superior mais vasta que, face a um vento mais forte, poderá conduzir à quebra pelo caule…pela sua base. Noutros casos ainda, poderá conduzir à perda de alguns ramos importantes à sua sobrevivência. Se quebrar pelo caule significa a morte. A perda de vários ramos de uma só vez sem que seja algo planeado, algo controlado, poderá pôr em causa a sobrevivência da árvore ou, pelo menos, complicar a recuperação.
Numa primeira impressão, o acto de podar, parece um processo simples e de pouca complexidade, cortam-se uns ramos e está feito. Tal não acontece! Se pensarmos bem, ao cortar um ramo ao invés de outro, estamos a redefinir a árvore, estamos a canalizar o seu desenvolvimento para um determinado sitio, será esse o melhor? Será esse o ramo mais forte, aquele que possibilita à árvore a sobrevivência? A poda tem uma determinada altura para ser feita, não pode ser feita porque nos apetece ou quando nos apetece pois corremos o risco de matar a árvore. Podar implica reflexão, implica compreender e conhecer a árvore, a sua estrutura e base, implica que saibamos o que queremos para o futuro desta. Um processo complicado mas necessário.

2008/11/09

Hoje é domingo... dia de bola e melancolia

Abro a cortina, observo a chuva que cai…
Está frio! Resguardo-me na cama,
Encosto o meu corpo ao teu,
A tua mão puxa o meu braço.
O tempo não passa, suspira…

Estou aborrecido, farto…irritado
Vejo o teu sorriso,
Acato o teu carinho
Sinto-me calmo, solto… relaxado
O tempo não passa, suspira…

Questiono a existência
O sentido da vida
Vejo-o nos teus olhos
Descrevo-o nas tuas palavras
O tempo não passa, suspira…

O despertador tocou,
Praguejei três vezes
Contra a chuva, o stress e a vida
O sonho suspira,
O tempo passa.

2008/11/04

Dicotomia da Vida

Ultimamente tenho pensado na vida e em particular na minha. A dos outros, muito sinceramente, cada vez me diz menos respeito e cada vez menos me digno a comentá-la ou aconselhá-la. Chegou a altura de pensar em mim e, mais que isso, de agir por mim sem pensar nas consequências ou efeitos que isso provoca em outrem. O mundo cada vez está mais pesado para ser carregado às costas e muito menos nas minhas. Um decisão de Dr.Jekyl em relação a algo transforma-se numa acção de mister Hyde para outros, é assim que deve ser a vida e é assim que a vou viver de agora em diante. Quero procurar o meu espaço e tenho a certeza que o vou encontrar, peço desculpa a transtornos que possa criar pelo caminho mas chegou o meu tempo, o meu tempo de me encontrar. Quero equilibrar a balança, juntar os caminhos, unir os dois reflexos. Já sei qual é o primeiro passo a seguir, bazar de Lisboa. Está podre. É um mundo de aparências em que qualquer dia até o homem do talho usa fatinho e é apelidado de “consultor de carnes”. Falsas amizades de ocasião, falsos sorrisos, falsa ideia de um salário melhor, piores expectativas de uma vida melhor. Cidade impessoal e solitária como alguém me disse e que posso testemunhar a favor. Muita miséria e pobreza, pouco saudável para quem anda na rua com olhos de ver.

Posso no entanto dizer que existem coisas que me deixarão saudades. O movimento que, sem nos darmos conta, nos transmite e incute alguma energia. As conversas que tive com duas pessoas, com as quais falava de seis em seis meses e agora falo de mês a mês, quando corre bem, de semana a semana.Foi mais uma experiência, bastante enriquecedora em sensações e vivências e da qual tiro a certeza de que se um dia tiver que para cá voltar sei o que me espera e sei que me conseguirei adaptar. Mas agora não me apetece, quero viver, quero ser passivamente activo, preocupar-me em relaxar, trabalhar para enriquecer o espírito e a alma, refazer o puzzle , recompor o circulo “Yin Yang”… Em suma, vou redefinir-me, lutar por mim e pelo meu bem-estar. Não esqueço o factor monetário, sobrevalorizo o factor EU e a minha essência. Quero sentir-me realizado a todos os níveis e sei que o vou conseguir. Confiança nunca me faltou, por vezes sofre uns abanões, mas destes ganham-se experiências e defesas para a reforçar. Avante camaradas, a luta continua!

Feita uma nota introdutória sobre motivações dedico-me agora ao blog em si. Recentemente tenho ouvido comentário de que para mim tudo está mal e que nunca estou contente. Dependendo das circunstâncias há quem o diga a brincar, há cá em o diga porque lhe apetece e há aqueles que se calhar até têm razão. Por isso o nome deste blog e mais importante, a razão deste blog. Aqui vou criticar, vou ser cáustico, vou exorcizar o meu mau feitio. Aqui só vem quem quer, só lê quem quer, só comenta quem quer e por isso não poderei ser acusado de resmungão ou grunho (uma palavra de carinho de um amigo :p). Outra das razões deste blog resulta também de uma outra conclusão que retirei da reflexão a que me propus. Eu não escrevo sensivelmente há dez anos e era um dos meus veículos preferidos de desabafo. Não descartando uma boa conversa, está claro, mas por vezes a escrita transmite mais que a voz. E por vezes algo que se escreveu, quando transmitido à pessoa correcta, dá azo a uma conversa. Mais uma dicotomia… a da palavra escrita “vs” a falada. Em dez anos os tempos mudaram, hoje publica-se facilmente algo na Web, passa-se a palavra em tempo real com a desvantagem de que fica acessível a toda a gente. Exige por isso outro cuidado… ou talvez até não, pois também nada tenho a recear ou esconder. Fazendo uso do discurso do político, aquele das promessas, indico como será definido este blog começando talvez por aquilo que não terá ou será (por esta razão é que nunca darei para politico começo sempre por aquilo que não posso oferecer…). Não terá “postas de pescada” diárias mas sim quando me apetecer. Não será um diário, daquele tipo “hoje fui ao mini-preço e comprei 3 latas de atum e uma lasanha de espinafres”. Não terá “meias palavras” e portanto o que me apetecer dizer, direi! Mais uma vez saliento que só lê quem quer. Prometo (agora é que vem o acima citado) que terei algum cuidado a nível gramatical e ortográfico (agradeço que me avisem caso encontrem um “k” ou um “x” perdido), que tentarei sempre completar texto com uma foto minha (algo que também tenho urgentemente que recomeçar a fazer…) e prometo algum bom humor e ironia no texto.

Dou por terminado o paleio.