2009/01/30

Um texto verdadeiramente deprimente...

Eu sei que vozes de burro não chegam ao céu mas, ainda assim, decido arriscar…

Caro São Pedro,

padroeiro de tanta vila deste nosso Portugal. Tu que forneces a desculpa para inúmeras festarolas, quermesses e copofonias… Ora porra! Já podias parar com esta chuva! Se isto continua assim, vai ser tal a depressão deste povo, que nem às festarolas chegamos. Depois quero ver como se reparam os telhados de igreja por esse Portugal inteiro. Sim, porque tu, com tamanha carga de água, és o principal responsável por telhados deteriorados… quem sabe quantos confessionários ganharam caruncho? Quantos padres foram internados graças a uma perna e, quiçá, bacia partidas? Sim! Queria ver-te entregar a comunhão com uma batina que mal te deixa ver o chão, e deparares-te com um piso liso e molhado (têm sido verdadeiros hinos à patinagem artística). Resumindo. Temos padres internados, beatas insatisfeitas, um povo carregado de pecados que não pode excomungar e uma valente depressão que mata o povo antes das festas populares… e sem festas… não há dinheiro para a igreja. Sem igreja, padres e confessionário não há quem vá parar ao céu. Sem gente para ir para o céu não vale a pena ter portas. Sem portas lamento comunicar-te que estás desempregado, que é como quem diz, bem-vindo a Portugal. Por isso vê lá se atinas e dás um tempito (temporal e meteorológico) a este Portugal. Não basta já, andarem para aí esses ingleses, a enxovalhar o nosso primeiro ministro? Sim porque qualquer um é inocente até prova do contrário. Aliás, eu também acredito na inocência do Carlos Cruz e desde já apresento provas fundamentadas. Se é facto incontestável que o olho de trás não vê, como raio conseguiram os cus “casa-pianos” identificar o senhor? Pois é… Isto é tudo uma conspiração do Jorge Gabriel e do Malato para roubarem o estatuto de melhor apresentador de programas de entretenimento ao “Sôr” Carlos Cruz. Eu já cá ando há muito tempo… a mim não me enganam… Ora essa… algum dia o Sócrates ia favorecer o tio? Só se ganhasse alguma coisa com isso… e ele é uma pessoa tão honesta, com uma moradia no centro de Lisboa tão modesta… Trabalho árduo meus amigos, trabalho árduo… querem boas vidas? Trabalhem! É o que os não corruptos deste país fazem e assim conseguem passar incólumes à crise. A prova de tudo isto, da inocência destes pobres homens, é que no tribunal, aquele local onde a justiça é cega e igual para ricos e pobres, vai acabar por absolver ambos. Deixem mas é de andar por aí a enxovalhar o bom nome das pessoas, deixem mas é de ser corruptos e comecem a trabalhar e a produzir. Assim, um dia, talvez cheguem a ter uma boa vida. E esta boca também serve para ti ò São Pedro, não penses que te livras… eu não me esqueci. Posso ter divagado um pouco mas ainda me lembro da verdadeira motivação deste texto! Vê mas é se começas a trabalhar, tira o rabinho do sofá, deixa lá as novelas da TVI e desliga a porcaria da torneira. Eu já te tracei o cenário apocalíptico. Depois não venhas para cá fazer o choradinho que não tens emprego e a pedir subsídios e assistência social… E olha que com a idade que já tens não vai ser fácil arranjar emprego. Reforma? Bem podes esquecer… vais mas é para o Lidl trabalhar a recibos verdes que te lixas.

Vá, deixa-te lá de birras e chama lá o Sol.

Saudações terrenas, ou do Inferno (visto que vivo em Portugal…)

2009/01/26

Um dia abro um bar na Jamaica e passo o dia a servir turistas

Eis que escrevo a minha primeira “posta de pescada” por terras Aveirenses. Fazendo jus aos principais atractivos gastronómicos desta cidade, desconfio que vai ser um texto mole mas sem grande ovo, isto é, sem grande substância. Poderia falar sobre a experiência, sobre o trabalho ou sobre a tão apregoada solidão que sentia por Lisboa e que se arrasta até aqui, ainda que muito mais tolerável por estas bandas. Digo isto porque, em Lisboa, era uma solidão podre. As pessoas estavam lá mas simplesmente era extremamente complicado estar com elas sempre que quisesse (aos dias de semana claro), existiam mil e um argumentos e razões que o impediam. No entanto, o mais engraçado no meio de toda a minha relação com Lisboa, foi o facto de que no último fim-de-semana que por lá me passeie, ao vir-me embora, senti uma pontada nostálgica, daquelas que não sabemos o porquê ou de onde vêem.

Posteriormente, ao pensar nisto, lembrei-me que também já me era complicado tolerar Coimbra quando por lá andava(já como membro da classe laboral), isto porque a Coimbra que eu conheci - a Coimbra dos estudantes, das histórias, dos amigos e das cantilenas desafinadas e, por vezes, gregorianas já havia partido. Adicionando ainda mais variáveis ao problema e, recuando temporalmente um pouco mais, lembrei-me de conversas que havia tido com colegas em como já estávamos fartos de estar imbuídos nessa Coimbra boémia e que já havia passado o nosso tempo. Recuando ainda mais… poderia falar do quanto já me irritava o Fundão…

Tudo isto não passa do inconformismo inato do ser humano ou pelo menos daqueles que gostam de questionar a vida, os sentimentos, o mundo, as circunstâncias, as regras, as imposições ou, definindo numa única palavra, a sociedade, criada por meia dúzia de mentes auto-proclamadas capacitadas, e na qual somos obrigados a viver e sobreviver. Os mais políticos dirão- "então mas somos nós que os escolhemos" - ao que respondo - "mas fui eu que decidi que este ano iria escolher entre o Eng. Sócrates e a Dra.Manuela Ferreira Leite para liderar este pais? Sou eu que escolho os seus assessores e ministros? Sou eu que voto no presidente da U.E., fui eu que votei no idiota(porque tem muitas ideias claro, longe de mim ofendê-lo) do Bush?"

Eu sei que o conceito de comunidade é utópico mas que seria lindo… seria.

Somos obrigados a viver e a assimilar certos (bons)costumes e (bons)valores mas isso não significa que nos devemos acomodar. Devemos aceitar, filtrar o que de bom nos apresenta e não achar que tudo vai mal. Quando o inverso acontece criamos uma aversão que nos cega e nos impede de ver o bom - a felicidade momentânea. Felicidade eterna, essa só existe nos filmes, em especial naqueles defensores do “American way of Life” (filmes de ressaca domingueira foi um termo que alguém bem empregou). Impede-nos de sentir bem num determinado espaço, num determinado local ou com determinadas pessoas, impede-nos de assimilar as sensações, força-nos a abandonar, a mal dizer, a reclamar… E quando finalmente nos vemos livres, sentimos o peso da nostalgia porque afinal não era tão mau assim.

Não quero, com toda esta diarreia mental, passar a ideia de que devemos aceitar o que a vida nos oferece e tentar a todo o custo absorver as boas sensações quando estamos rodeados de trampa. Quero sim, passar a ideia, de que não devemos nunca desistir de tentar mudar, de procurar outras realidades mas, enquanto tal não acontece, devemos encarar cada dia como tendo 24 horas e que após uma noite de sono teremos um novo. Poderá ser melhor ou poderá ser pior… resta saber lidar com isso. Ontem estava no topo, hoje rastejo até segunda-feira…

Dou-me por feliz por a vida me ter dado um conjunto de amizades que pensam e tentam ler a vida e que me ajudam a movimentar por todo este nevoeiro, nem que para isso, por vezes tenham que me fazer cair em certos buracos e dar-nos a percepção que ele já lá estava há espera que caíssemos. Ir prevenido e com alguém para ajudar torna as coisas bem mais fáceis. Claro que também e bom lembrar que estamos todos no mesmo barco, todos no mesmo nevoeiro e que, por vezes, temos que ser nós a orientar.

Conhecidos e companhia para o café há muita, verdadeiros Amigos há poucos. Sabe bem estar com eles, sabe mal o pouco tempo que estamos com eles. Mas temo-los e só isso já basta para encarar esta “sociedade” que de social… pouco tem.

Para terminar reforço a ideia,

“Always look at the bright side of life” (ele está sempre lá, basta querer ver).

Para terminar deixo uma prenda a alguém, um “souvenir “:D

2009/01/02

De braços abertos para 2009

Ano novo vida nova. O ano já por aí está, a vida terá que começar. Ano curioso o que passou. Não sei se terá a ver com a crise, não sei, mas alguém, devidamente capacitado, deveria reflectir sobre este. Nunca vi tanta gente com dúvidas, com crises como este ano… eu próprio vivi (ou vivo…) uma. Uma decisão acarreta com um determinado caminho, penso em decisões que tomei e outras que não tive coragem de tomar… muitas delas conduziram-me a caminhos errados. Hoje sei, na altura não o sabia. Claro que adoraria poder alterar muitas delas, claro que sei que não é possível. Existem caminhos que não são definitivos e desses consegui desviar-me, outros não tornarei a sair deles e é neles que terei que aprender a orientar-me.
Pelo menos compreendi que sou fraco, que não sou tão forte quanto me julgava. Compreendi que a vida não passa de um jogo, compreendi que todos fazem bluff, que todos escondem parte do jogo e que nem sempre lançam a carta mais alta, que em determinadas jogadas perdem para ganhar mais noutras. Que posso eu fazer senão jogar também… só lamento de no momento não dispor de grande mão.

Terminei 2008 com o cérebro a 100% demasiado ocupado com reflexões, busca de explicações, resoluções para crises minhas e crises que outros vivem e que eu infelizmente não me consigo dissociar. Com o álcool agrava-se, salta para os 200% e ao ponto de por vezes ser bloqueante. Esta passagem de ano foi o que aconteceu… demasiado álcool, demasiado reflexões, demasiadas sensações novas, demasiadas memórias e recordações. Em muita coisa fui demasiado impulsivo, noutras estranhamente consegui controlar-me. No dia de hoje, dia 1 de Janeiro de 2009 e, sob o efeito depressivo do dia e noite de ontem, só me ocorre dizer – “Ainda bem que acabaste 2008, serás mais um ano a deixar-me marcas profundas”. Vem rápido 2009, vem rápido nova vida que eu estou farto da que tenho levado neste últimos tempos. Quero encher a cabeça com o trabalho, esvaziar o resto. Quero conseguir manter as pessoas que na realidade me interessam e que muito fizeram por mim. Com tudo isto foi bom saber que elas ainda ali estavam, estão e, penso eu, estarão. Também quero conhecer novas pessoas, daquelas que não têm de representar um papel mediante a pessoa que havíamos conhecido há 10 anos atrás. Quero ser eu, quero limitar-me a viver o presente, olhar para um futuro curto, libertar-me de constrangimentos, recordações e inibições que o passado incute.

Em jeito de última reflexão, pensando neste ano e até há ultima noite, tomei muita decisão que lamento mas que agora já nada há a fazer senão retirar a experiência. Agora é tempo de reconstruir, pensar no que falhei, no que me estava a tornar e no que quero ser. O que é bom numa reconstrução é que se acaba por questionar tudo e no meio de uma certeza que achamos que temos, cometemos alguns erros que por vezes tornam a destruir tudo ou pelo menos o patamar em que essa certeza assentava. Com o tempo vai-se lá, sei que é um processo moroso mas que uma parte complicada já foi feita. E o gratificante é saber que tenho quem me ajude neste processo e que não tem receio de apontar as más direcções só porque estou mais fraco ou porque sou fraco.

Feliz ano 2009 para todos.