2009/03/03

Ontem perguntei ao tempo... quanto tempo o tempo tem...

Parece que nada foi escrito ou foi dito mas, a bem dizer, este é o terceiro texto que escrevo. Os outros, simplesmente não me apeteceu publicar. Ficam para mim. Não interessam os motivos mas, como pista, indico-vos que vivo mentalmente, psicologicamente e fisicamente a tal velocidade que o que hoje é recente, amanhã está desactualizado. Posso mesmo dizer que o tempo começa a irritar-me mas, acho que começo a perceber o motivo… não o consigo controlar. Umas vezes passa demasiado rápido, noutras parece não querer passar. Pensando nisto cheguei à conclusão que é tudo uma questão de longevidade de pensamento…

Quando se tenta pensar a longo prazo, procurar resoluções, caminhos para a estabilidade, prever o futuro, decidir qual e para quando o meu novo destino... o tempo simplesmente parece não passar… Ainda à bem pouco tempo pensava no para onde vou, onde me sentirei bem, onde alcançarei a estabilidade(física, psicológica e sentimental), quando me sentirei realizado (enganam-se os que acreditam no plenamente), doutoramento, empresa, estrangeiro ou, simplesmente, permanecer… Escolhi bem? Terá sido a vinda para Aveiro a melhor opção? A bem dizer… que se lixem todos estes pensamentos! Fazem mal! Consomem-te na solidão!

Agora tenho adoptado uma postura diferente… deixar correr o tempo, pensar no imediatamente, viver o dia sem pensar muito no amanhã. Acordar, desperdiçar as oito horas de trabalho, outras duas de refeições e partir... fazer o que o instinto manda (de forma ponderada… está claro). Deixar de programar fins-de-semana (salvo raras excepções).

Cheguei à conclusão que estou perto de tudo… O dinheiro… está claro… é um impedimento… há que o controlar… que o gerir…que o esticar e ajustar - tirar daqui meter ali, poupar aqui para gastar ali. O gasóleo agora até está barato por isso toca a aproveitar e passear. Viajar em auto-estradas? Num fim-de-semana? Quem corre atrás de mim? Tenho música… paisagem…tempo para pensar. Como é possível!? Há dois fins-de-semana atrás apercebi-me que nunca tinha visto o mosteiro da Batalha. A vergonha de quem só andava na A1! E os camiões… os passeantes de Domingo? Fazem bem… induzem-te a adrenalina da ultrapassagem e fazem-te mudar de música para a acompanhar.

Que porra! Sou novo, tenho força, vontade, bons valores, muito bons amigos e amigas. Burro, infelizmente também não sou, senão seria fácil…ia para político (se um dia cair nestes meandros vai haver muita gente a gozar-me por causa destes texto). Sinto-me apoiado, aconselhado e incentivado e de onde isso chega retribuo da mesma forma. Recupero a confiança, ganho espírito revolucionário e, principalmente, evolucionário. Não me vou acomodar, vou avançado, mas com calma, analisando, apreendendo e interpretando o que está à minha volta. Basicamente vou caminhando sem pensar no Parkinson e Alzheimer. Nesta vida nada é decisivo. É tudo efémero e volátil, uma maré que ora leva ora traz.

Nem mesmo as minhas próprias decisões têm carácter definitivo (talvez porque errar é humano e sim, tenho sempre dúvidas). Hoje encaro todas as decisões que tomo como transitórias, todos os estados como transitórios e as fases como passageiras.

Reclamar da vida? Não. A vida é assim, quando menos se espera, sorri-nos. Quando menos se quer… fode-nos. O que é preciso? Deixá-la correr, interpretá-la e antecipá-la. Enganam-se aqueles que julgam que para a antecipar é necessário programar a longo prazo (claro que com excepção para a componente financeira… rais parta… está sempre lá). Antecipar a vida é viver e lê-la a curto prazo, porque é tudo volátil e uma semana, dependendo das fases, poderá corresponder a um mês… ou vice-versa. Este é o paradigma do tempo e a única forma de o combater é deixar passar. A ânsia de querer resolver tudo…fazer tudo…encontrar tudo só acaba por trazer a desilusão. Isto porque se anda num estado de constante espera…expectativa. Que lixe – digo mais uma vez. É bom que se tenha programas e objectivos mas não se pode pensar neles. Devemos estar preparados para agir de acordo com estes no momento em que aquele misto de instinto com racionalidade e bom-senso disparam e nos comunicam… chegou o momento.

Com base no que disse, revejo a minha vinda para Aveiro. Sempre tive aquele desejo de voltar. Sempre considerei uma boa cidade para trabalhar. Se calhar nunca viria para cá… se não tivesse havido aquele disparo, aquele tiro e aquele desnorte. Aqui entrou o bom-senso – “Se Lisboa já era grande e impessoal… então agora tornar-se-á enorme para ti. Se não gostas do que estás a fazer…”. Entrou a racionalidade – “Podes escolher para onde ir. Não estás limitado a Lisboa e mais tarde, se quiseres, voltar é fácil”. Entrou o instinto – “foi onde aprendeste a viver sozinho, sem família ou amigos de infância, onde tiveste que interpretar pessoas, desiludires-te com pessoas, seleccionar entre o amigo e o conhecido. Onde te (re)construíste como ser individual”.

Definitivamente uma boa opção, uma segunda passagem que mais uma vez eu vejo como ponte para outros voos. Curioso o significado que Aveiro poderá começar a ter para mim. Uma ponte entre Fundão e Coimbra… uma ponte entre Lisboa e… quem sabe.

P.S: Dada a hora tardia não houve pachorra para rever o texto. Qualquer gralha, façam favor de comunicar. Os leitores agradecem! Atentamente,
A administração deste blog.

P.S.2(pós-leitura e correcção):Ao reler este texto aprendi algo... afinal o tempo importa na altura de ler algo que se escreveu a pensamento solto...

2 comentários:

  1. Estou a passar por uma fase em que tento organizar o meu tempo por estar com a continua sensação da falta dele. Software para organizar tarefas, livros sobre organização e desenvolvimento pessoal...

    F#$#&-se! percebi que estou mesmo a precisar de um belo "Que se dane isto e aquilo!".

    Programar a vida a prazo é a receita para a tristeza.

    Obrigado :)

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