2009/01/26

Um dia abro um bar na Jamaica e passo o dia a servir turistas

Eis que escrevo a minha primeira “posta de pescada” por terras Aveirenses. Fazendo jus aos principais atractivos gastronómicos desta cidade, desconfio que vai ser um texto mole mas sem grande ovo, isto é, sem grande substância. Poderia falar sobre a experiência, sobre o trabalho ou sobre a tão apregoada solidão que sentia por Lisboa e que se arrasta até aqui, ainda que muito mais tolerável por estas bandas. Digo isto porque, em Lisboa, era uma solidão podre. As pessoas estavam lá mas simplesmente era extremamente complicado estar com elas sempre que quisesse (aos dias de semana claro), existiam mil e um argumentos e razões que o impediam. No entanto, o mais engraçado no meio de toda a minha relação com Lisboa, foi o facto de que no último fim-de-semana que por lá me passeie, ao vir-me embora, senti uma pontada nostálgica, daquelas que não sabemos o porquê ou de onde vêem.

Posteriormente, ao pensar nisto, lembrei-me que também já me era complicado tolerar Coimbra quando por lá andava(já como membro da classe laboral), isto porque a Coimbra que eu conheci - a Coimbra dos estudantes, das histórias, dos amigos e das cantilenas desafinadas e, por vezes, gregorianas já havia partido. Adicionando ainda mais variáveis ao problema e, recuando temporalmente um pouco mais, lembrei-me de conversas que havia tido com colegas em como já estávamos fartos de estar imbuídos nessa Coimbra boémia e que já havia passado o nosso tempo. Recuando ainda mais… poderia falar do quanto já me irritava o Fundão…

Tudo isto não passa do inconformismo inato do ser humano ou pelo menos daqueles que gostam de questionar a vida, os sentimentos, o mundo, as circunstâncias, as regras, as imposições ou, definindo numa única palavra, a sociedade, criada por meia dúzia de mentes auto-proclamadas capacitadas, e na qual somos obrigados a viver e sobreviver. Os mais políticos dirão- "então mas somos nós que os escolhemos" - ao que respondo - "mas fui eu que decidi que este ano iria escolher entre o Eng. Sócrates e a Dra.Manuela Ferreira Leite para liderar este pais? Sou eu que escolho os seus assessores e ministros? Sou eu que voto no presidente da U.E., fui eu que votei no idiota(porque tem muitas ideias claro, longe de mim ofendê-lo) do Bush?"

Eu sei que o conceito de comunidade é utópico mas que seria lindo… seria.

Somos obrigados a viver e a assimilar certos (bons)costumes e (bons)valores mas isso não significa que nos devemos acomodar. Devemos aceitar, filtrar o que de bom nos apresenta e não achar que tudo vai mal. Quando o inverso acontece criamos uma aversão que nos cega e nos impede de ver o bom - a felicidade momentânea. Felicidade eterna, essa só existe nos filmes, em especial naqueles defensores do “American way of Life” (filmes de ressaca domingueira foi um termo que alguém bem empregou). Impede-nos de sentir bem num determinado espaço, num determinado local ou com determinadas pessoas, impede-nos de assimilar as sensações, força-nos a abandonar, a mal dizer, a reclamar… E quando finalmente nos vemos livres, sentimos o peso da nostalgia porque afinal não era tão mau assim.

Não quero, com toda esta diarreia mental, passar a ideia de que devemos aceitar o que a vida nos oferece e tentar a todo o custo absorver as boas sensações quando estamos rodeados de trampa. Quero sim, passar a ideia, de que não devemos nunca desistir de tentar mudar, de procurar outras realidades mas, enquanto tal não acontece, devemos encarar cada dia como tendo 24 horas e que após uma noite de sono teremos um novo. Poderá ser melhor ou poderá ser pior… resta saber lidar com isso. Ontem estava no topo, hoje rastejo até segunda-feira…

Dou-me por feliz por a vida me ter dado um conjunto de amizades que pensam e tentam ler a vida e que me ajudam a movimentar por todo este nevoeiro, nem que para isso, por vezes tenham que me fazer cair em certos buracos e dar-nos a percepção que ele já lá estava há espera que caíssemos. Ir prevenido e com alguém para ajudar torna as coisas bem mais fáceis. Claro que também e bom lembrar que estamos todos no mesmo barco, todos no mesmo nevoeiro e que, por vezes, temos que ser nós a orientar.

Conhecidos e companhia para o café há muita, verdadeiros Amigos há poucos. Sabe bem estar com eles, sabe mal o pouco tempo que estamos com eles. Mas temo-los e só isso já basta para encarar esta “sociedade” que de social… pouco tem.

Para terminar reforço a ideia,

“Always look at the bright side of life” (ele está sempre lá, basta querer ver).

Para terminar deixo uma prenda a alguém, um “souvenir “:D

4 comentários:

  1. Ainda vais voltar a Lisboa... ouve o que eu te digo :P.

    Abres um bar num sitio qualquer, trabalhas das 2h (dp do bairro fechar) até às 6h e ganhas o que qualquer director ganha numa boa empresa.

    Espero que estejas a curtir Aveiro, e que aí não seja por cinco ou dez euros que vais estragar a noite ...:).

    Abraço de lx.

    ResponderEliminar
  2. "esta diarreia mental" Epá, sim, concordo contigo.

    ResponderEliminar
  3. Jamaica...? Não se arranja mais perto?

    ResponderEliminar
  4. supidGrande "souvenir"

    Bem haja!!!
    Ass.:A Gaja da Beira

    ResponderEliminar